quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O amor é uma companhia.

Já não sei andar só pelos caminhos, 
Porque já não posso andar só. 
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa 
E vê menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo. 
Mesmo a ausência dele é uma cousa que está comigo. 
E eu gosto tanto dele que não sei como a desejar. 

Se a nao vejo, imagino-o e sou forte como as árvores altas, 
Mas se o vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dele. 
Todo eu sou qualquer força que me abandona. 
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dele no meio.



                                                                                              Alberto Caeiro

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